quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ED CARLOS , ARTISTA PLÁSTICO - ORGULHO DO QUIZAMBU


Além de um grande artista, um exemplo de autonomia e superação. Filho de um lavrador analfabeto - José  Cobertino de Santana - e de uma costureira que cursou só até a 5ª série - Alice Alves de Santana -, Ed Carlos Alves de Santana não se acomodou em ser mais um agricultor da Fazenda Quizambu, em Riacho da Guia, distrito de Alagoinhas, onde trabalhava com seu pai na roça e reside até hoje: foi o primeiro habitante daquela localidade a ingressar em uma Universidade Pública — nada menos que a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Ed Carlos e seus três irmãos ficaram órfãos ainda muito cedo.  Mas nem por isso ele deixou seu talento escorrer pelas mãos; ao contrário: O artista, que completou 30 anos, participa, desde 2000, dos eventos da Casa do Poeta, com cerca de 30 composições publicadas em antologias, jornais e outros meios na Bahia e no Rio de Janeiro. Além de poesias, ele também escreve críticas de arte para os jornais Folha da Terra e Gazeta dos Municípios, ambos de Alagoinhas.
Mas sua grande paixão é mesmo a pintura e o desenho. Tanto é que optou por cursar nível superior em artes plásticas pela Escola de Belas Artes (EBA) da UFBA — entre 2003 e 2007 — e atualmente se dedica aos estudos de Mestrado em Artes Visuais, também na EBA-UFBA, onde desenvolve pesquisa sobre retratos de família.
O jovem artista tem participado ativamente do cenário cultural da região nos últimos três anos. Foram várias as apresentações em 2007. Dentre as principais, temos a XIII Expo gravura - Exposição de Gravuras na Escola de Belas Artes-, organizada pelo Departamento de Expressão Gráfica Tridimensional da EBA — UFBA, ocorrida entre os meses de fevereiro e março. Promovida pela mesma instituição, a I Feira de Gravura, fixada na Galeria do Aluno em junho do mesmo ano, também conta com seus trabalhos. Dias depois, no mesmo local, acontece o evento de extensão Multidimensões—1 Expo- Feira, também da EBA, no qual Ed participa na condição de expositor.
Intestinos da Cidade é o nome da exposição feita em conjunto entre a graduação e o mestrado da instituição, montada no Centro Cultural Danemann, em julho de 2007, na cidade de Cachoeira, e organizada pela professora Drª. Graça Ramos. Em novembro do mesmo ano, a exposição Nova Expressões da Gravura, que aconteceu na Galeria do Aluno da Escola de Belas Artes da UFBA, também contou com , participação do artista. Já a exposição Retratos de Família: Uma Sincera Homenagem, aconteceu no Museu Geológico da Bahia, entre os meses de novembro e dezembro de 2007.
Mesmo estando ainda em início de carreira, Ed já tem se destacado em mostras individuais, sendo selecionado para participar de várias exposições coletivas, a exemplo da Bienal de Arte, Design e Cultura da UFBA, que aconteceu em maio de 2008, com o tema ”Santo de Casa faz Milagres", e da Mostra Universitária de Artes Visuais, logo depois. Ainda em novembro do mesmo ano, foi designado pela Faculdade de Arquitetura da UFBA para participar do Primeiro Salão Arte Cidade, que aconteceu na EBA, com a obra Face da Solidão I. Nesse ínterim, no referido ano, também contou com a participação de Ed Carlos na IX Bienal do Recôncavo da Bahia.
Em abril de 2009, o artista promoveu a Exposição Gêneros da Pintura na ACIA, onde foi recebido por Reynaldo Barbosa, diretor da Associação, e fez questão de frisar a gratidão pela oportunidade. Com certeza não vai parar por aí: sempre otimista, o artista possui projetos de uma série de exposições em sua cidade natal, como meta de realização profissional na área de sua vocação.
Ed Carlos segue a tendência da arte figurativa, ou seja, de cunho realista ou acadêmico, e sua principal influência é o americano Alex Katz. Mas não deixa de ser original, conforme ele mesmo afirma "meu traço é o meu estilo, minha forma de pintar e desenhar/’ Quanto a temática, o pintor é adepto, sobretudo, do retrato, porém ele se aventura em qualquer outro gênero da pintura, tais como: paisagem, natureza-morta, nu, floral, casarios, abstrato, animais e marinhas. Em suas telas, faz uso dos materiais tradicionalmente usados para pintura e desenho, ou seja, lápis grafite, lápis de cor, carvão, sanguínea, sépia, giz de cera, pastéis oleoso e seco, aquarela, guache, acrílico, nanquim,  hidrocor e técnica mista.
O que faz o ”nome" de um artista plástico, sob o ponto de vista de Ed, é o trabalho bom, belo, inteligente e bem aceito no mercado de artes.
 Unido a isso, é fundamental um bom marketing pessoal, propaganda, autodivulgação e participação em todos os eventos de artes possíveis, pois quanto mais visto for o artista, mais requisitado ele será e, consequentemente, mais sucesso granjeará para si.
Quanto ao mercado de arte em Alagoinhas, ele é enfático ao acreditar que, até então, o mesmo ainda se mostra inexistente. Por outro lado, ao ampliar para todo o Brasil, o considera promissor, já que, segundo ele, "há grandes galeristas em nosso país, falta apenas estabelecer contato mais direto com eles".
Mesmo com todo o mérito agregado a arte, muitas pessoas ainda preferem investir em objetos de decoração caríssimos ao invés de obras de arte. Para Ed, esse fato se deve a uma questão de gosto, primeiramente, e falta de compreensão do valor das obras de arte, em segundo lugar.
Ele explica que, infelizmente, as pessoas se habituaram a dar valor apenas as obras de artistas já falecidos e aqueles que a mídia — em especial as novelas e as revistas — divulga, já que o modismo dita as tendências, mas esquecem dos artistas de suas próprias terras.
Apesar da realidade um tanto dura para o mundo das artes, Ed Carlos acredita nesta cidade, e com ela deseja brindar com seu talento. Alagoinhas traz em si uma densa bagagem histórica, com fatos como a Guerra de Canudos, que obteve participação da população alagoinhense. A arquitetura também é marcante, com os traços peculiares das Ruínas de Santo Antonio de Alagoinhas Velha, a Estação São Francisco, a Igreja Matriz, com seu Galo, e a famosa Praça do Coreto. Além disso, é mãe de grandes talentos, a exemplo do poeta José Olívio. O artista entrevistado narra o potencial da cidade para as artes plásticas, que vive nas obras de Lithosilva, Floriano Santos, Jorgepô, Antonio Lins. Grandes comunicadores do rádio também têm destaque, entre eles, Altamiro Lira e Vanderley Soares. Essa síntese faz com que Ed Carlos chegue a feliz conclusão de que ”Alagoinhas é história e isto a torna uma cidade com identidade cultural".

Por Luna Mattos - Revista Acia Divulga - setembro de 2010



ARTE CONTEMPORÂNEA
Vivemos na era contemporânea, a arte de hoje é sinônimo. de ousadia, liberdade, criatividade e imposição. Esta é uma época de ideias de obras de artes, não quer dizer que tais obras necessariamente sairão do papel algum dia, elas existem no mundo das ideias, ou melhor, no universo dos conceitos, do discurso poético.
As bienais, salões e/ou concursos artísticos, elevaram a arte ao status de conceito. Por um tempo ela perdeu a primazia da beleza e o discurso ganhou ênfase no fazer arte na contemporaneidade.
 E Atualmente o legado de séculos de história da arte resume-se em experimentações. Estes usam os mais diversos materiais desde os mais insólitos possíveis, como no caso do artista plástico paulista Vik Muniz, que usa chocolate e Katchup para compor seus retratos, ou mesmo o baiano de Santo Amaro da Purificação; Marep, que arrancou um muro e despachou para a Bienal de São Paulo, sob a égide do pensamento Duchampiano.
A arte contemporânea é desafio, uma busca do não criado, em um mundo onde tudo já existe artisticamente falando. É um ataque as mentes mais conservadoras, que as instigam a tentar desvendar o "enigma da esfinge" por assim dizer, é uma tirania da criatividade humana. 
http://espacodoed.blogspot.com/                                                                                                   Ed Carlos

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

SHEILA SANTOS



Lençóis, Bahia, Brazil
Sheila Santos, 36 anos,graduou-se em Ciências Contábeis em 1997 pela Universidade Estadual de Feira de Santana- UEFS., foi professora do ensino médio nas disciplinas de física e química e bancária em um banco público.Mas seu vínculo com a arte vem desde sua infância na cidade de Alagoinhas-Ba, onde nasceu e costumava manifestar seu fascínio pelo rosto humano, suas expressões, sua inconstância. E desde então, nunca mais parou de desenhar e pintar, buscando novos elementos, materiais e técnicas, descobrindo novas possibilidades e linguagens. Seu trabalho é essencialmente figurativo, um retrato lírico e sensível da alma feminina.

Sheila Santos

Esta artista plástica autodidata contemporânea alagoinhense tem uma arte pautada no caráter auto biográfico, sua arte é um relato poético da dor e do prazer do ser enquanto mulher.
Sheila é pintora e modelo protagonista em suas telas cheias de dor e amor. Ela denuncia a mulher enquanto objeto do desejo, um corpo que deseja e anseia ser saciado, amado e não objetizado.
Sua pintura é contagiada com uma sensação claustrofóbica, como se um aprisionamento do ser em seu corpo carnal , que clama por sexo, que busca a unicidade na união com o outro como se a artista buscasse a complementação e o equilíbrio energético yin e yan, macho x fêmea e o criativo nasce desta busca.
A pintura de Sheila Santos beira o expressionismo, flerta com o simbolismo, evoca as técnicas da aquarela. É uma pintura forte e visceral ela é dorida, tem sofrimentos e um pedido de socorro contido.
Talvez a artista só queira contar-nos que o amor deve predominar acima de tudo .
Sua arte contém seu universo feminino em expansão , eclosão e explosão sensual, para isto ela usa bem a cor , a si mesma na possibilidade de modelo, sua nudez, seus desejos, como se uma Frida Khalo a retratar-0se em sua dor, em sua angustiada existencialidade feminina, suas dores, amores, prazeres estão para a arte como para a vida, arte e vida se misturam em Sheila Santos, artista plástica de Alagoinhas-Bahia.

Ed Carlos Alves de Santana

Artista Plástico e Mestre em Artes Visuais pela EBA-UFBA



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

DANIEL BARBOSA - UM GRITO NO NOVO MILÊNIO


Artista plástico nascido na cidade de Alagoinhas, Daniel Barbosa cresceu influenciado por tudo que o cercou, tanto de aspectos pitorescos baianos de sua cidade, quanto o que captava pelas mídias impressas e eletrônicas. Desenhista desde criança, seu despertar começou peIo encanto diante do mundo maravilhoso das histórias em quadrinhos e dos desenhos animados, passando pela já exigente audição da boa música. Seu olhar curioso ante as criações do mundo o levou para os primeiros contatos com a pintura, a qual se rendeu tomado por uma paixão incondicional e avassaladora. A partir desse encontro, onde ele vislumbrou o sentimento do artista materializado numa criação, houve a descoberta de que daquele momento em diante suas mãos nunca mais seriam as mesmas. Sempre marcado pela sua intensa brasilidade, o adolescente D.B. se misturava as suas obras em cores vivas e alegres. Logo se tornara destaque entre professores e especialistas em Arte, participando de salões de artes, exposições coletivas e individuais, e cursos correlacionados. Suas obras são profundamente marcadas pela infância em Alagoinhas, palco das primeiras impressões e concepções estéticas de seu olhar poético.
Nesta cidade, surge seu mentor e parceiro de momentos únicos da materialização da vontade de criar e mudar, Eduardo Boaventura, que se tornaria seu grande amigo e incentivador. A forte influência da cor amarela nas obras de D.B. é fruto desta áurea amizade. A Escola de Belas Artes da UFBA, além de estar ampliando e desenvolvendo seus conhecimentos em outras áreas de criação através da Computação Gráfica, numa evolução aos novos tempos, mesclando suas fortes influências do notório passado com tudo que o mundo cibernético pode oferecer em novas manifestações da Arte. A sua obra vai além dos sentidos. Sua visão abstrata de vida e forma a interpretações que não aparecem diante de nossos olhos. Os grandes contrastes de cores reforçam essas formas e delimitam o que apenas nossa mente ousa arquitetar. Na busca por novos conceitos estéticos, o artista está sempre pesquisando sobre a cultura brasileira. Embora bombardeado por culturas externas (sendo um filho do início da globalização), tenta mostrar o que há de mais marcante na nossa cultura, nas nossas pinturas rupestres, no nosso artesanato e no próprio povo, que é uma presença assídua no trabalho de Daniel Barbosa. Já tendo morado no centro da cidade de Salvador, entrelaçado por toda agitação e construções arquitetônicas ainda com elementos antigos, sente o nascer de uma nova vontade de criar, motivada por uma inspiração que sempre interage com o ser humano, objetos, prédios, produtos a  venda nas ruas, carros, e os personagens desconhecidos de seu dia-a-dia, que protagonizam suas telas. O espaço da tela se torna um palco, onde atuam seres diversos, encenando um cotidiano colorido e distorcido - uma parábola da realidade frenética de nossos dias. Recentemente, Daniel Barbosa está produzindo uma série de flores pintadas com tintas mutantes em água, influenciadas pela aquarela. Flores personificadas como uma recriação da realidade. Flores de sonhos, bálsamos para os olhos em tons suaves de cores quentes como o Laca Gerânio, o Magenta, o Alizarin Crimson e o Amarelo de Cádmio Escuro.
Quaisquer que sejam suas novas invenções, que sempre surpreendem, ainda diante do inesperado e da marca inusitada em suas obras, sabemos que podemos esperar sempre a psicodélica e o encanto de quem reinventa o mundo e seus pensamentos.
Por: Isis Serra

Quando começo a pintar um quadro, a minha intenção é sempre criar um mundo de sonhos, um mundo fantástico onde meus personagens possam habitar. O observador tem o convite para entrar na obra e poder vislumbrar essa nova realidade. A necessidade é sempre de "Tornar visível o que vivemos nessa época caótica, fragmentada, violenta, onde a mídia sensacionalista nos bombardeia 24 horas com imagens multicoloridas, chocantes, desconcertantes, carregadas de significados psicológicos. O que pretendo quando pinto um quadro é gerar para o observador um mundo onde tudo é permitido e a morte não existe - uma parábola de realidade em que gostaríamos de viver.
Um mundo feito de cores e formas, elementos esses, que são os próprios personagens que povoam esse universo:  sóis, flores, árvores, pessoas, animais, naves espaciais, planetas, seres híbridos, estrelas, luas, cometas, tudo pode ser o que o leitor quiser (entenda-se leitor, porque pinto como quem escreve, contando uma história, uma história fragmentada como as de Joyce). Sou um escritor/pintor seguindo a escola de escritores fantásticos como Borges, Cortazar, Umberto Eco. As portas de minhas obras sempre estão abertas. O leitor/observador tem passe livre para ver/ler o que quiser. Tudo é real dentro do Mundo dos Sonhos. Os personagens são aqueles que eu vi durante toda minha vida: os garotos das ruas de Alagoinhas, os loucos, os pedintes, os trens da Leste, as meninas voltando do colégio, os paralepípedos, Os garis, as igrejas, os colégios, os cartazes, as revistas em quadrinhos, os livros usados, a TV, os personagens de outros quadros que fazem uma viagem e vem brincar nos meus – o super-homem de Mestre Floriano, as figuras híbridas de Eduardo Boaventura, as doces personagens de Luiz Ramos, o figura soturna pintada com poucas pinceladas de um quadro de Antonio Lins.
As cores vêm do inconsciente. A escrita é automática, como os surrealistas. O contraste entre as cores complementares cria a harmonia caótica, equilibrista no fio da navalha. Contraste é amor, yin & yang, preto & branco, homem & mulher. A Obra sempre esta aberta, basta você passar as páginas. “Boa viagem”.
Daniel Barbosa

Fonte: ACIA Divulga setembro de 2010